segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dinho exorciza os fantasmas

ENTREVISTA DO DINHO PRA "O TEMPO"

Sorridente, brincalhão e "batendo uma bolinha" no quintal, o cantor recebeu a reportagem em sua casa, em São Paulo. Foi uma pequena pausa na agenda cheia, na qual Dinho relembrou o acidente que sofreu no ano passado, em Patos de Minas, quando quebrou a coluna. Fisicamente, o artista ainda sente dores, mas o trauma maior é psicológico, diz. "Eu me tornei um cidadão mais participativo", diz ele, que fala ainda de política e de certa decepção com a juventude do país.
Do que você se lembra do acidente em Patos de Minas e como isso te afetou?
A última coisa de que lembro é de ver a fita amarela de "não pise". Foi a experiência mais difícil da minha vida. Fiquei um mês na UTI. Demorei seis meses para retornar aos palcos, sinto dor até hoje. No primeiro momento em que fui cantar, não consegui, pois havia atrofiado músculos e afetado as cordas vocais. É difícil passar por experiência pior do que essa.

Você viu imagens do acidente?
Eu não tive coragem de ver até o fim. Vi os primeiros segundos, até o momento em que caio reto e bato o queixo no palco. Só aquilo é suficiente para me incomodar. Deduzo que deve ter sido como um gancho no boxe, "pof", que deve ter me desacordado, pois não me lembro de sentir dor e eu quebrei tudo, o crânio, seis vértebras, três do pescoço. O que aconteceu foi que não atingiu a medula, por isso estou aqui, agora. Foram várias sortes.

Você se lembra do bombeiro de Brasília que estava na plateia e salvou sua vida?
Eu não sabia do bombeiro. A história é curiosa. Recebemos o e-mail de um major, superior dele, falando que iam dar uma medalha para o Jenner, não por ter salvo a mim, mas por mérito do cara, que já salvou 15 pessoas. O e-mail chegou à gravadora Sony com essa história surreal e acabou vazando para a Globo, que fez uma reportagem no "Fantástico" e nos apresentou. Mas ele era o mais relutante em gravar a matéria, dizia que não fez nada demais, nenhum favor, que era obrigação dele. Mas a minha sorte é que esse cara estava passando na hora.

Você acredita em sorte?
Acho que é o casuísmo, o destino. Não sou religioso, cresci num ambiente atípico, meus avós eram ateus. Não sei rezar, nunca entrei numa igreja, tenho dificuldade até de entender isso. Eu me considero agnóstico e admito que existe o mistério, pois não consigo me dizer ateu. O lugar onde estamos é muito bizarro, tenho muita dificuldade de entender o infinito, mas consigo conviver com a dúvida.

Qual a lição?
Me vi como alvo de muita generosidade. As pessoas se comoveram. Recebi e-mails de dentro e fora do Brasil. Depois disso, voltei a participar mais de projetos voluntários, me tornei um cidadão mais participativo. Ajudo ONGs como a Operação Sorriso, para cirurgias em crianças com lábio leporino. Eu fui a Fortaleza e participei de uma operação. Eu, que tenho pavor a sangue. A lição é passar a generosidade adiante, não dando dinheiro, mas ir lá, tocar na criança, fazer o show para arrecadar fundos.

Qual a influência no trabalho recente, o CD "Das Kapital"?
Parte das letras foi escrita depois. Assim que voltei a mim no hospital, me perguntaram se o disco devia ser adiado. Como minha recuperação ia ser lenta, disse que não, só que não conseguia cantar. Tive de gravar com a ajuda de uma fonoaudióloga, uma canção por dia.

E nas letras, qual verso melhor traduz a experiência?
A letra inteira de "Ressurreição" pode ser associada ao que me aconteceu. O verso "pregado numa cruz, dirigindo sem as mãos" para mim é uma mistura de martírio e de impotência. A impressão de que não se pode fazer nada, algo inerente à vida. "Dirigindo sem as mãos" diz respeito à falta de controle em um lugar perigoso que é estar vivo. Por isso, a música abre o disco.

Para quem quebrou a coluna, você se recuperou relativamente rápido...
Tive duas ocorrências especializadas. Primeiro, passei pelo trauma e fui atendido por neurocirurgiões para tratar as vértebras quebradas e hemorragias. Como se não bastasse, peguei uma infecção hospitalar, tive flebite, uma inflamação nas veias que atingiu meu corpo inteiro e virou septicemia. Nos dois episódios, os médicos disseram que a lesão poderia ter sido mais grave se a musculatura das costas não tivesse reforçada pela ginástica e que, no combate à septicemia, o coração ajudou muito por eu ter um treinamento aeróbico. Eu me exercito regularmente, ando de bicicleta, skate e corro todo dia. Atualmente, estou limitado à esteira da academia para diminuir o impacto. Mas vou para lá de bicicleta.

E psicologicamente?
Não tive nenhuma sequela física permanente, a dor é cada vez menor e menos frequente, eventualmente vai embora. O que não dei conta foi da sequela emocional. Fui sentindo muita ansiedade, insônia, alternando momentos de alegria, tristeza e muita raiva. Engoli isso por dez meses, até que, há dois meses, eu procurei uma psiquiatra que diagnosticou, surpresa, síndrome de estresse pós-traumático, que dá em pessoas sequestradas ou que voltam da guerra. Lidar com isso sem saber acaba afetando a família, que percebe as consequências do estresse. Eu estava ficando insuportável. A psiquiatra receitou um antidepressivo, que me deu uma acalmada.

Que história é essa de uma cartomante dizer para você não voltar a Patos de Minas? Você já foi lá.
Minha mulher, Maria, supersticiosa e religiosa, procurou uma cartomante, que fez essa ressalva a Patos. Eu voltei lá, porque achei que deveria agradecer às pessoas que me atenderam e botar uma pedra em cima daquilo. As pessoas olham para mim e me associam ao paciente, não ao músico. Foi muito bizarro subir naquele mesmo palco, senti muita angústia, mas a vida segue e vou tocar lá de novo. Volto a Minas no dia 21 de novembro, para show de graça em praça pública, para a rádio Mix FM (será às 16h, na praça da Estação).

Falando de política, o tema foi recorrente nas letras do Capital Inicial nos anos 80 e vocês foram até censurados. Quais são suas inspirações hoje?
São políticas também, mas mais em relação aos costumes. Sou a favor da liberação do aborto, da legalização das drogas, liberação do casamento e do direito de herança entre homossexuais, tudo do que a Dilma procurou se defender ao virar uma neobeata. Estou surpreso em ver como o Brasil é reacionário.

O que você achou do Congresso recém-eleito?
Acho que merece ser xingado porque o Tiririca foi o cara mais votado em São Paulo, o Maluf teve 400 mil votos e, apesar de um terço dos deputados ter ficha suja, a maioria foi reeleita. Acho isso surreal.

Partindo do pressuposto de que o artista é um cronista das mudanças da sociedade, que Brasil é esse que você canta hoje?
A visão que tenho é de uma ruptura com o Consenso de Washington, de deixar os indivíduos acima de tudo e o Estado, ausente. Em países como o Brasil, o Estado tem de ser o motor do desenvolvimento. Pregar o neoliberalismo no Brasil acho algo sem sentido. A premissa do Lula está correta, de repartir o bolo para vê-lo crescer. É através da distribuição de renda que o Brasil vai crescer.

O que você acha da música feita hoje no Brasil?
Predominantemente, eu lamento. São raras as exceções, vejo muita alienação e obsessão com a fama. Não vejo nada sair da boca dos caras, a não ser falar do cabelo, da roupa e do relacionamento com os fãs. Não manifestam opiniões em nenhum aspecto, são muito individualistas. Diria que é porque os caras cresceram em um Brasil democrático, com a moeda estável e liberdade de expressão e um futuro a ser vislumbrado. Ok, tudo bem, mas surpreendente é que, mesmo com esses aspectos positivos, o Brasil está longe de ser um país desenvolvido ou com a cabeça arejada. E há uma garotada que é alheia a isso tudo.
(Marcelo Fiuza, enviado especial a São Paulo)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Bom estava procurando matérial aqui pro blog e achei mais uma entrevista do dinho pra "caliente" seegue logo abaixo , achei interessante e fala tambem sobre  a mulher dele a Maria .




Caliente: Você só quer curtir, ficar à toa e viver numa boa?
Dinho: Eu tenho momentos de hedonismo, e acredito que a vida é para ser prazerosa. Isso não quer dizer ser irresponsável. Eu tenho um grande prazer em criar as minhas filhas. Como diz a Constituição Americana: "todo homem tem o direito a buscar a felicidade". Eu acho que você tem direito a ser feliz. Eu não acredito nessas coisas religiosas - sou anti-religião, meus pais são ateus, nunca fui à igreja, não sei rezar - então não tenho motivos para ter limites ao prazer, ou felicidade. Eu acho que é esse o propósito de viver. E seja lá pelo que for, expressar os seus desejos, mesmo que eles sejam neuróticos, mas que você ponha para fora.

Caliente: É melhor ser importante para si mesmo?
Dinho: Esse texto é do Pit Passarell. Eu entrei um dia no estúdio e ele estava gravando a demo dele. Quando eu vi a letra eu pensei "eu tenho que gravar isso". O que me chamou a atenção foi uma certa ambigüidade que ela tem. Ela pode ser vista de dois modos: como simplesmente um jovem se referindo ao mundo, dizendo "sai do meu pé, eu só quero ser feliz", e tem uma outra leitura possível que é uma coisa absolutamente restrita à nossa profissão. É um músico falando "você só quer músicas novas" para um diretor ou presidente de uma gravadora, para críticos.

Caliente: Na sua turma, dois grandes ídolos se foram com a Aids: o Renato Russo e o Cazuza. Como a "turma da colina" começou a discutir a doença?
Dinho: A Aids era uma doença misteriosa, a princípio exclusivamente gay, que ninguém sabia direito o que era... Quando se falava de Aids era sinônimo de morte iminente. Para você ter uma idéia, eu tinha um amigo que era pintor, o Zezinho. Quando ele soube que estava com Aids, se matou. É curioso como hoje a Aids não é necessariamente associada à morte. Eu acho essa a grande mudança, talvez mais do que o preconceito. A Aids foi uma coisa muito próxima de mim, meu tio morreu de Aids, o Zezinho, o Renato (Russo). O difícil mesmo era você olhar nos olhos da pessoa que estava doente, pois não havia nada que você pudesse dizer para diminuir o sofrimento. Hoje é muito diferente. Qualquer um pode ter esperança de sobrevida e de que até lá se descubra a cura.

Caliente: E como vocês viam a prevenção?
Dinho: Ninguém levava muito a sério no começo. Se não era gay, ninguém se cuidava. Eu acho que esse negócio das pessoas realmente se cuidarem, usarem preservativo, é muito recente, de cinco anos para cá. Tanto que está aí, todo mundo se infectou. Mas até hoje eu sei de muita gente que continua sem se cuidar.

Caliente: Tinha preconceito contra o homossexualismo?
Dinho: Na nossa turma ninguém nunca se incomodou. A gente sempre teve gays na turma, ia em boates gays, tinha amigos travecos. Mas a coisa só saiu do armário quando nós já éramos adultos. Quando éramos adolescentes simplesmente não se falava no assunto. Por exemplo: eu vim a descobrir que o Renato era gay mais tarde. Quando eu soube foi: "é mesmo, por que ele nunca falou?". Eu lembro de um cara que a gente adorava, que chamava Tom Robinson. O single dele era "Sing if you are glad to be gay", era um punk gay. A gente ouvia, cantava e pulava nas festas do mesmo jeito que fazia com Ramones e The Clash. Tudo era intelectualmente motivo para você romper com o sistema e lutar contra preconceitos, nesse sentido tudo era muito militante. Mas em Brasília, sexualmente, talvez a gente fosse um pouco mais conservador. A gente tinha namoradas fixas por meses, anos... Eu lembro da primeira vez que a gente foi ao Rio tocar, que a gente conheceu o Cazuza e todo mundo ficou espasmado. Era esquema Sodoma e Gomorra, ninguém é de ninguém... Mesmo que a gente não fosse preconceituoso, era todo mundo hétero, cada um com sua namorada. E era todo mundo da turma, se você não fosse era irrelevante...

Todas as noites são iguais
Os meninos satisfeitos
E as meninas querem mais

Mãos me vestem como luva
É tarde demais
E eu não consigo dizer não
Caliente: Os meninos estão satisfeitos e as meninas querem sempre mais?
Dinho: Essa música foi feita numa fase que a gente estava metendo o pé na jaca. Eu tenho a impressão que a sexualidade dos meninos e das meninas é bastante diferente. O Alvin (Alvin L. autor de "Tudo que vai") disse uma frase muito legal: "os meninos amam com os olhos e as meninas amam com os ouvidos". É bem verdade. Os meninos gostam de ver revista de mulher pelada e as meninas gostam de ouvir, gostam de romance. Eu acho que talvez por isso os meninos, por essa própria natureza distinta da sexualidade, tendem a ser mais egoístas e quererem satisfação. As mulheres querem mais, querem relacionamentos.

Caliente: As mulheres estão ganhando mais liberdade de mostrarem o que querem?
Dinho: Eu acho que sim. A Veja publicou uma entrevista com uma sexóloga americana que fez uma pesquisa sobre homens e mulheres que têm relacionamentos casuais. A porcentagem de mulheres que vão a uma boate, pegam um cara para transar aumentou muito hoje. Acho que 50% das mulheres admitiam que faziam isso. As mulheres conseguem hoje verbalizar e realizar muito melhor os seus desejos. Mas eu acredito que exista uma diferença intrínseca na sexualidade feminina e masculina. Acho que pode até ser uma explicação biológica. Eu acredito que os meninos têm esse impulso de querer fecundar o mundo. Nos somos um pouco animais. Eu li um livro da Camila Paglia em que ela dizia que acreditava em parte que os sexos são diferentes, que têm desejos diferentes. Ela ainda propunha que 99,9% dos inventores são homens por causa da masculinidade, que teria um valor de conquista. A invenção seria uma extensão disso. Os descobridores seriam no mesmo esquema. Eu acho que existem estereótipos culturais com os quais somos educados, mas também somos um pouco animais. Por isso somos diferentes, o que eu acho estimulante. Eu não sei se a energia feminina pode ser dirigida para outra coisa. Embora eu diga isso e me sinta tremendamente preconceituoso, todos os meus impulsos me dizem para não falar isso. Eu pretendo criar as minhas filhas para se considerarem iguais aos homens e conquistarem o mundo. Eu não espero que elas se resignem a um papel inferior, eu espero que elas disputem o que elas quiserem na vida.

Caliente: No final da noite não dá para dizer não?
Dinho: É bastante comum no final da noite você já estar inconsciente e não ser mais responsável pelos seus atos. Num momento da balada a Aids se torna irrelevante. Já está todo mundo alucinado e esquece. Se isso não existisse os números não aumentavam, é fácil comprovar que as pessoas agem assim. São bastante irresponsáveis. Mente quem fala que depois de beber, tomar drogas, mantém o discernimento de colocar a camisinha... Isso associado aos avanços da medicina é um explosivo, ninguém mais dá muita bola. Eu vejo uma atitude um pouco mais prevenida de quem tem uns 25 anos, porque essa gurizada que está se iniciando não está nem aí. Será que ainda há algo que a gente pudesse dizer para as pessoas que elas não saibam? Todos sabem como se prevenir. Eu não vejo nada que eu pudesse dizer que as pessoas não saibam.

Se paro e me pergunto
Será que existe alguma razão
Pra viver assim
Se não estamos de verdade juntos
Caliente: O que você acha desses relacionamentos casuais?
Dinho: Eu acho que a melhor coisa no sexo é a intimidade. Uma transa de uma noite só nunca é tão boa. Por mais que seja a liberação do seu desejo, na imensa maioria das vezes é uma frustração. Não é por nenhuma caretice, que eu acho que você tem que casar, ser fiel... É que é melhor, emocionalmente, sexualmente. Eu acredito em coisas mais longas. Eu fiquei com a Mari por cinco anos, com a Maria eu estou por seis anos. Eu sempre fui de namorar por longos períodos, morar junto. Eu acho que a qualidade do relacionamento é melhor, sob todos os aspectos.

Caliente: Hoje os relacionamentos casuais são reflexo da liberdade ou é uma roleta-russa?
Dinho: É uma combinação explosiva dos dois. Não deixa de ser liberdade, mas seria melhor se as pessoas expressassem essa liberdade com cuidado. O problema é que na maioria das vezes que as pessoas expressam essa liberdade, elas estão meio alteradas. É em geral à noite, é quando você está doidão. Eu acho que é isso que leva à irresponsabilidade, não à liberdade.

Caliente: O seu público se renovou com o "Acústico"?
Dinho: Bastante. O disco vende para gente de todas as idades. Isso eu vejo pelo pessoal que vem pedir autógrafo, porque tem muita gente da minha idade. Mas nos shows é uma moçadinha mais nova, dos 14 aos 18 anos.

Caliente: E como fica o seu ego com isso?
Dinho: Na boa. Eu estou preocupado com a minha família, é outra fase da minha vida. Eu não sei se é parte da paternidade tudo isso. Quando saí do Capital, fiz os discos solos que foram artisticamente bem. Não me arrependo disso. Mas as dificuldades... Eu vinha de 10 anos de Capital, onde tinha vendido bem à beça. Vi tudo isso virar fumaça em dois anos. Estava absolutamente duro, sem conseguir viver de uma carreira artística. Comecei a fazer publicidade, a escrever para jornais, mil bicos... Foi um malabarismo inacreditável. Eu vi um negócio que me parecia completamente consolidado que era o Capital, e achei que essa popularidade seria suficiente para manter uma carreira solo. Não foi. Eu dava shows às vezes e não aparecia ninguém. Eu acho que isso foi uma lição para mim de humildade. Eu tenho a impressão que estou tendo uma segunda chance. Eu não sou místico, mas acho que eu tenho que me comportar, tenho que ter modéstia. O sucesso é efêmero, ele some da noite para o dia. O nosso negócio é uma fogueira de vaidades, você vê as pessoas fazendo as piores coisas, os egos mais escrotos. Brigas entre amigos por causa de grana, fama. Dá um nó, principalmente se você é jovem e não percebe o circo que armaram em volta de você. Quando fiz sucesso da primeira vez eu fui leviano. Todos esse defeitos que enumerei eu tive, padeci de todos esses males.

Eu não vou pro inferno
Eu não iria tão longe por você
Mas vai ser impossível não lembrar
Vou estar em tudo que você vê

Caliente: Você não iria para o inferno por ninguém?
Dinho: Eu vou é para o céu...(risos) Eu acho que eu não iria, não me meteria mais em uma situação cabeluda. Mas eu já me meti em várias. Eu já fiz três testes de Aids, e na primeira vez tinha certeza que estava contaminado. Eu tinha ficado com uma menina, coisa de uma noite só, nem lembrava o nome dela. Um ano e meio depois alguém me ligou dizendo que ela estava doente. Caralho, essa foi uma das piores experiências da minha vida, porque eu tinha certeza que estava doente. Me ligaram à noite, e eu nem podia sair para fazer o teste. Eu fiquei a noite inteira paranóico, e a coisa que mais me assustou foi não poder ter uma família. A trip toda que eu entrei foi "eu vou ficar doente, nunca mais vou poder ter filhos, não vou poder casar...". Eu achava que por isso eu estava condenado à solidão.

Caliente: Depois disso sua atitude mudou?
Dinho: Um ano depois eu casei. E quando casei a Maria me mandou fazer de novo... Eu acho que o sentido da vida é a procriação. A melhor coisa do mundo é ter filhos. É o mais perto que você chega de enganar a morte, da imortalidade. É a coisa mais importante, é o momento culminante da sua vida. Portanto, cuide-se para você poder viver isso.

Caliente: Antes de você casar aconteciam relacionamentos com fãs?
Dinho: Raras vezes acontecia de chegar no quarto e ter gente lá, esquema beatlemania. Mas de acabar o show e entrar a mulherada no camarim e você levar para o hotel, sim, freqüentemente. Me relacionar a ponto de virar amigo também. Mas a gente nunca foi sedento de procurar e estimular.

Caliente: A sua esposa era fã?
Dinho: Antes eu fui casado com a Mari, e a conheci em um show. Naquela época não era bem fã porque a gente tocava para meia dúzia. A coisa entre nós desandou por sexo, drogas e rock'n'roll. A Maria (atual esposa) eu conheci na festa do VMB (Video Music Brasil, a premiação dos melhores clips da MTV Brasil) , numa época que eu estava no fundo do poço. Era quando tinha descoberto o tecno, nunca tomei tantas drogas como nesse período. A vida começou a desandar, estava sem grana, sem emprego, absolutamente junkie. A Maria foi a luz. Um ano depois de conhecer a Maria a gente casou, no ano seguinte a gente teve nossa filha e a coisa começou a ir para frente. Eu voltei para o Capital, fiz um disco, tivemos as filhas, montamos a casa. As coisas começaram a florescer de novo. Você tem círculos viciosos e virtuosos, acho que as duas coisas são verdadeiras. Quando tudo vai mal é uma seqüência de calamidades, e quando vai bem também parece que uma coisa conduz à outra.

Em vídeo, Dinho Ouro Preto dá o truque para cortar o cabelo - Ajuda-Eu - Gloss

Pra quem curte o cabelo meio louco do dinho ele dá a dica ...

Em vídeo, Dinho Ouro Preto dá o truque para cortar o cabelo - Ajuda-Eu - Gloss
Capiitalianos,acho que muitos já devem ter visto esse vídeo mais eu curto demais e pra mim é um dos melhores duetos,pros que não assistiram , assitam não vão se arrepender ...



Salve nação Capitaliana!
Com vocês, Cecília Ribeiro (@ceciliaribeiro) do Programa Carona entrevista Capital Inicial, momentos antes do show em Formiga – MG que rolou dia 30 de Outubro.
Vale a pena conferir a entrevista e o vídeo com a cobertura do show.
Quem curtir, comente \0/





                                                                              direto do site

Próxima música de trabalho

Bom galera no site do capital ta rolando uma enquete pra próxima música de trabalho , eu particularmente escolhi como se sente é uma das minhas preferidas , fiquem a vontade para votar clicando aqui

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Entrevista com Fê Lemos por fãs

O baterista do Capital responde a perguntas enviadas pelos fãs através da lista de discussão, fala da nova fase da banda, da sua relação com Renato Russo e da posssibilidade de gravar um disco com os antigos sucessos.

Retirado da página do Fã Clube Oficial Capital Inicial.

ATENÇÃO: Estas são as respostas de Fê Lemos. Não refletem necessariamente a opinião dos outros integrantes da banda.

FC / Gostaria que você fizesse um paralelo dessa nova fase com a época dos primeiros sucessos. O que mudou, tanto na carreira quanto na vida pessoal? (Ana Beatriz Neves - Mateus Leme - MG)

Fê / O que mudou é que temos que refazer uma carreira. Começar de novo sem ter parado. É engraçado. E também podemos olhar tudo o que aconteceu, com alguma distância, e tentar refletir um pouco. Certas escolhas ficam mais claras agora, a consequência de certos atos só aparecem agora. É um momento muito especial. Na vida pessoal, todos temos filhos agora, e o futuro, que parecia tão distante, que não precisávamos nos preocupar, chegou.

FC / Já que a Polygram não pretende, aparentemente, relançar os quatro primeiros discos do Capital Inicial, é viável a gravação de um CD de músicas antigas, com uma nova roupagem? (Ricardo Liguori - SP)

Fê / Nós vamos gravar um disco com as músicas antigas. Não sabemos se será o próximo nem se será acústico, eletro-acústico, enfim, estamos conversando sobre os nossos próximos passos. Eu gostaria de gravar um novo disco com material inédito, mas para o ano que vem.

FC / O Capital Inicial saiu de um estilo mais pesado para voltar a fazer música com elementos dançantes. Foi uma opção para "voltar ao mercado"? (Ricardo Liguori - SP)

Fê / Nosso disco mais pesado é "Rua 47", que é um desabafo, um disco amargo. Provamos que podíamos fazer um disco independente e ir à luta. Foi um disco bem próximo da nossa sonoridade ao vivo, já estávamos sem teclados a dois anos. Contudo, desde o início nós sempre nos preocupamos em misturar o pop às nossas raízes punk. Em discos éramos mais controlados, no palco mais pesados. No "Atrás dos Olhos" tentamos (e conseguimos, na minha opinião) essa alquimia . Usamos teclados menos presentes, maior ênfase à guitarra, e usamos loops de bateria e percussão , p/ dar um viés mais dançante à algumas músicas.

FC / Músicas como "Mil Vezes" e "Desdêmona", do Capital Inicial, e "Inverno" ou "Freiras Lésbicas Assassinas do Inferno", da carreira solo do Dinho, nunca mais serão executadas ao vivo? (Ricardo Liguori - SP)

Fê / Provavelmente não, por enquanto. Eu adoraria fazer uma banda só p/ tocar as músicas que nós nunca (mais) tocamos ao vivo tipo Mambo Club, Rita, Espelho no Elevador, Um Arrepio, O Céu, etc..., enfim, porque não?

FC / Nesse novo álbum vocês mantiveram a sonoridade dos anteriores. O que vocês acham do que vem acontecendo com bandas como os Titãs? Para sobreviver no mercado é preciso mudar? (Ana Beatriz Neves - Mateus Leme - MG)

Fê / Ah, o mercado....Ah, o sucesso... Para sobreviver é preciso ter uma gravadora que grave e divulgue seus discos, e para isso você precisa que seus discos vendam pelo menos um pouco,100.000 por disco tá bom, e que você toque nas rádios pelo menos um pouco durante o ano, durante TODOS os anos, e que seus shows não dêem prejuízo para os contratantes, que apareça na TV, pagando mico de vez em quando... No fundo, se você consegue ter fãs, já é um grande passo (O mais importante!!!). AGORA, cada artista traça sua estratégia. Um dia nos disseram para nunca perder a simplicidade, e sabe o que a gente fez? "Você não precisa entender"! Bidu...

FC / Qual é a sua opinião sobre as bandas novas? Elas ainda são fiéis ao rock nacional? (Gilson de Sousa - BH - MG)

Fê / O rock nacional é feito pelas bandas brasileiras. O dia em que acabarem as bandas novas, acaba o rock nacional, e tudo o que existe agora será passado, história. O rock vive da renovação, e do legado das gerações anteriores.

FC / Quem é o personagem da música "A Saga do Homo Babaca"? (Ricardo Liguori - SP)

Fê / Essa eu respondo no livro!

FC / Qual o significado da música "Fátima"? É sobre religião, como alguns dizem, ou sobre política? (Cleber - SP)

Fê / Diz a lenda que o Renato escreveu essa letra no ônibus, indo para o ensaio do Aborto Elétrico. Eu acho que é uma crítica à fé, ao mesmo tempo que a reafirma. O cara era um gênio.

FC / É sabido que vocês tiveram alguns desentendimentos pessoais, quando da saída do Dinho. E agora, como está o relacionamento entre vocês? (Ana Beatriz Neves - Mateus Leme - MG)

Fê / Estamos muito bem, embora está claro que vamos ter que trabalhar muito, muito mesmo. Estamos confiantes porque vemos a satisfação dos fãs. E retomamos a nossa carreira. Tomar consciência de que precisávamos manter a banda original junta fez bem à todos.

FC / Ainda há divergências na banda sobre o estilo musical a ser seguido? (Ricardo Liguori - SP)

Fê / Não. Cada um gosta de um certo estilo de música, mas sabemos que cada um vai tocar do jeito que sabe, e que o que rolar vai ser a soma de nós quatro.

FC / O Loro não vai mais cantar? (Ana Beatriz Neves - Mateus Leme - MG)

Fê / Acho que vai sim. É só a gente falar para ele parar de cantar...

FC / Você acha que o Legião está fazendo falta para a geração de hoje? Qual era a sua relação com o Renato? (Gilson de Sousa - BH - MG)

Fê / Quem parte leva a saudade de alguém/ Que fica chorando de dor... É claro. O Renato foi o meu melhor amigo. Foi o meu padrinho de casamento. Nós ficamos distantes depois que eu vim para SP e ele foi para o Rio.

FC / Que fim levou a história do "caderno perdido" de Renato Russo? (Ricardo Liguori - SP)

Fê / O caderno foi devolvido à família do Renato.

FC / Como ficou o relacionamento de vocês com o Murilo e com o Bozzo? (Ana Beatriz Neves - Mateus Leme - MG)

Fê / A última vez que eu vi o Bozzo foi no show do Peter Gabriel, no Olímpia (SP) em 94(?). O Murilo eu encontro de vez em quando na noite, e já fui a um show dele. Tenho o CD demo dele, é muito bom. Mas a distância se torna inevitável.

FC / Qual foi a vendagem dos discos do Capital? (Isabela Almeida - Salvador-BA)

Fê / 250.000 / Capital Inicial; 120.000 - Independência; 60.000 os outros três (cada um); 20.000 - Rua 47 e Ao Vivo; 100.000 - O Melhor do Capital Inicial. ATENÇÃO: Não são dados oficiais.

FC / O que você acha da dominação do axé e pagode na atual programação radiofônica e televisiva? (Leonardo Luiz - RJ)

Fê / Acho um saco. Mas será que eles achavam um saco quando NÓS dominávamos? Não se esqueça que existem grupos de pagode com mais tempo de carreira do que a gente. E a voz do povo não é a voz de Deus? Será que "alguém" empurra ao povo o que ele quer ouvir ou será que ele escolhe o que realmente mais gosta? Quando é que eu vou poder ouvir drum'n'bass nas rádios brasileiras? Oh dúvidas... oh vida... Eu tenho certeza que na hora que aparecer algo bem legal e diferente todo mundo vai AMAR!



Bom galera essa entrevista é de 2009 é mais pra quem tem curiosidades sobre o Fê Lemos nosso grande baterista , já ia esquecendo é especial pra Geeh Fong esse a super hiper grande fã , ela que pertuba demais o Fêê USIUHSHUAHUS , te amo dinhet (L)